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    Conselhos para o Frio

     


    Introdução


    Pode-se ter imenso calor com 40º abaixo de zero! Muito melhor que o mais sofisticado dos sistemas de ar condicionado, o nosso organismo consegue manter a temperatura central a um nível constante. Consoante está demasiado calor ou frio, o corpo arrefece-se a si próprio ou reage para conservar o calor, ou até para o produzir. Este mecanismo chamado de "regulação reflexa" mantém o núcleo do corpo (quer dizer, o tórax, o abdómen e o cérebro) a uma temperatura média de cerca de 37ºC.



    As reações do corpo em relação às variações de temperatura ambiente são por isso reflexos, não impedindo que seja possível controlá-las, pelo menos em certa medida e desde que saibamos os princípios que as provocam.

     

    Como se apanha frio


    O corpo sofre uma sensação de frio quando perde o seu próprio calor. E isto é provocado por diversos fenómenos físicos:

    • A Irradiação é responsável por 50% da perda total de calor do corpo, sendo grandes responsáveis por este efeito, a cabeça e as mãos que se encontram frequentemente destapadas; o uso de um gorro e luvas em conjunto com a restante roupa ou material de campismo, pode diminuir bastante esta forma de perda de calor.
    • A Condução provoca uma transferência de calor do corpo para um outro objeto por simples contacto; é o que acontece quando se dorme deitado num chão frio e evita-se isolando ou colocando um colchão ou um cobertor por baixo do saco cama; outro exemplo, é quando se anda com sapatos leves e de sola fina na neve.
    • A Convecção é provocada pela corrente de ar que entra em contacto com a pele quer pelo efeito do vento ou da água, pelo que se detém mantendo-nos secos através de roupas exteriores impermeáveis e transpiráveis; o ar frio é igualmente responsável por uma perda apreciável de calor no interior do corpo de cada vez que se inspira, pelo que muitas vezes é preferível respirar através de um cachecol.
    • E a Evaporação através da transpiração pelo efeito do suor, pelo que é fundamental evitar a todo o custo transpirar.

     


    Como se defende o corpo


    O nosso organismo ganha e conserva calor com a atividade muscular voluntária (exercício) e através reações do metabolismo provocados pela digestão (que também consome bastante energia), mas por reflexo, aciona dois mecanismos de regulação: a Termogénese que consiste em fabricar calor e a Isolamento que consiste em limitar as perdas.


    O organismo utiliza todas as substâncias energéticas disponíveis para o acionamento geral dos metabolismos suscetíveis de gerar calor; mas o principal elemento da termogénese é o trabalho muscular reflexo que se traduz por arrepios e tremuras (tiritar). Quando a pele perde calor em contacto com o ar frio, o interior do corpo arrefece por sua vez, porque o sangue que circula ao nível da pele baixou ele próprio a temperatura, levando à redução do débito sanguíneo ao nível da pele por uma contração no diâmetro dos vasos ou vasoconstrição cutânea, explicando-se assim por que é que, quando temos frio a pele fica branca. Outra consequência deste reflexo é que para proteger as funções vitais (pulmões, coração e cérebro), o corpo sacrifica a sua periferia, quer dizer, a pele e as extremidades, podendo estas ficar em perigo.


    O enregelamento

    Sendo um fenómeno localizado afeta sobretudo as extremidades (mãos e pés), assim como as partes do corpo a descoberto, como o rosto, o nariz e as orelhas. O enregelamento das extremidades é a consequência lógica dos mecanismos de termorregulação do corpo, ou por outras palavras, o sacrifício das extremidades a fim de assegurar a sobrevivência do "núcleo central".


    São perigosos porque atacam sem prevenir: nenhuma dor, nenhum incómodo previne a vítima a tempo. É aliás o desaparecimento da dor, depois de um período inicial bem penoso, que constitui o sinal de alarme. Não se deve então pensar que se dominou o frio e que está tudo bem, pelo contrário, deve-se parar com tudo para levar a cabo de um tratamento de urgência.


    É um bom exercício apalpar com alguma frequência que os músculos faciais, bochechas e orelhas para nos assegurarmos de que a carne não está a endurecer; e olhar para a cara uns dos outros, atentos à aparição daquelas manchas brancas que anunciam o enregelamento.


    Devemos ainda ter cuidado com o contacto direto da pele nua com o metal (ferramentas, grampos dos sapatos, sticks, etc.), porque a temperatura muito baixa do metal pode provocar queimaduras e acontece com frequência a pele ficar agarrada ao metal.


    Quando se constata a existência de um enregelamento, nem sempre se sabe se vai evoluir. Há os superficiais (1º e 2º grau) e os profundos. Os de 1º grau manifestam-se pela palidez e depois pelo enrubescimento quando pomos calor; quando há tratamento imediato, pode-se esperar ficar restabelecido em 3 ou 4 dias sem sequelas. Nos de 2º grau, a sensibilidade da parte afetada diminui, mas não desaparece; aparecem umas ampolas claras e o restabelecimento leva uns 10 dias, podendo não deixar sequelas.


    Em caso de enregelamento profundo por exemplo dos pés, os membros ficam arroxeados, o que se designa por cianose. Quando os aquecemos, ficam vermelhos, com perda total da sensibilidade e surgem grandes ampolas sero-hemáticas. Se a necrose se confinar apenas à parte superior da pele, o restabelecimento leva cerca de 3 semanas; se a pele e a carne forem atingidas em profundidade, pode ser que se tenha de impor uma amputação. Em qualquer dos casos, o membro ficará sempre hipersensível ao frio e com dores.


    Deve-se intervir com urgência, mas com precauções; há várias coisas que devem ser evitadas em absoluto: nunca descalçar um pé enregelado antes de lhe poder dispensar cuidados em condições apropriadas, o que quer dizer, num abrigo onde se possa aceder a socorros médicos e onde se possa ficar durante um certo tempo; com efeito, o edema que se vai desenvolver no membro, sem falar sequer nos pensos, impedirá a vítima de se voltar a calçar-se e portanto de voltar a caminhar. Nunca friccionar ou apertar uma zona efetivamente enregelada e muito menos esfregá-la com neve ou gelo. Nunca furar as ampolas.


    Retirar as roupas que cobrem a parte gelada, fazendo-o muito devagar a fim de não causar danos na pele (furando as ampolas, por exemplo). Aquecer os membros gelados pondo-os em contacto com uma outra parte do corpo da vítima ou de outra pessoa. Aquecê-los com água quente, com uma temperatura aproximada da do corpo, mas não muito mais alta. Desinfetar e depois envolver as feridas em compressas esterilizadas. Administrar um tratamento vasodilatador ou aspirina e antálgicos; deve-se ir ao hospital o mais rapidamente possível.
    Em caso de enregelamentos profundos a deslocação até ao hospital deve ser feita com a maior urgência, sendo o maior perigo, o de poder ocorrer uma infeção. Tomar imediatamente banhos de água quente (37ºC) onde se deita Betadine. Administrar antibióticos, vasodilatadores, aspirina e antálgicos. Qualquer que seja a gravidade do enregelamento, a vítima deve beber bastante água e alimentar-se o melhor possível.

     
    Hipotermia

    Só se deve falar de hipotermia quando a temperatura central da vítima desce abaixo dos 35ºC, mas na prática, a hipotermia dá-se quando o corpo perde mais calor do que aquilo que pode fabricar. Do cansaço físico e do frio (tiritar) à hipotermia vai um passo; o alpinista ou o esquiador pode não se aperceber de nada: cansado, decide conceder um pouco de descanso e dormir umas horas, decisão que pode dar cabo de uma pessoa.


    Os seus sintomas são arrepios, tremuras, dificuldade em falar, uma certa incoerência de gestos ou de palavras… todos os sintomas de uma sensação de frio intenso; mas o mais característico é aquele estado de abandono físico e moral da vítima, que lhe dá vontade de ficar quieto, de dormir (sono), de se deixar cair… Num estado avançado, a hipotermia conduz à inanição e a uma palidez de morte; E esta última, não está de facto muito longe.


    Tratamentos precipitados podem ser mortais: trata-se de fazer a temperatura da vítima voltar ao normal; mas se a aquecermos demasiado depressa, pode-se provocar um acidente cardíaco.

    Deve-se envolver a pessoa em estado de hipotermia numa cobertura de sobrevivência, vesti-la com roupas secas, isolá-la do solo com um colchão de espuma, pôr-lhe um edredão ou mesmo em contacto com outra pessoa que lhe possa transmitir o seu próprio calor. O aquecimento deve ser realizado a partir do centro do corpo. Também se pode aquecer água e pô-la num cantil que fará de botija; esta deve ser colocada em frente do tronco ou ao nível dos rins.


    Se a vítima estiver consciente, acelera-se o aquecimento dando-lhe uma bebida quente. Mas isto deve ser formalmente proscrito em caso de inconsciência, pois a pessoa pode sufocar. Logo que possível, fazei-la absorver alimentos ricos em açúcar e depois beber em abundância.


    O erro a evitar em absoluto é começar por aquecer as extremidades, porque procedendo desta maneira, restabelecer-se-á uma intensa circulação de sangue gelado que ao chegar ao nível do centro do corpo, pode provocar com a maior das facilidades uma crise cardíaca complicada.

     

    Qual o equipamento correto?

    Equiparmo-nos corretamente para praticar um desporto ou para viajar a lugares diferentes do nosso meio ambiente não é tão fácil como parece. A variedade das condições pode ser muitas vezes desconcertante.


    Na montanha podemos passar no mesmo dia de temperaturas abaixo de zero, a um calor sufocante, voltando o frio quando se vai o sol.


    No mar, a velocidade do barco combinada com o vento produz-nos frio e humidade mesmo quando o dia é muito quente; em todos os desertos as noites são muito frias e os dias muito quentes.


    A altitude para além de diminuir as temperaturas em cerca de 6-7ºC por cada 1000m, aumenta a sensação de frio, diminuindo as capacidades de defesa contra o frio porque o nosso corpo acusa a falta de oxigénio na atmosfera.


    Chuva, água, neve, vento do mar, neblina, aumentam a humidade, mas nem toda vem do exterior; o corpo humano produz grandes quantidades de vapor de água e suor, que combinado com o vento e outras condições exteriores, produz frio, cansaço e mau estar. Devemos, pois, fazer frente a 3 problemas fundamentais: humidade, frio e vento-chuva.



    Sistema de capas

    Em consequência disto, deve-se ajudar o organismo vestindo roupas adequadas para a atividade de inverno e o objetivo fundamental é manter a temperatura do nosso corpo o mais constante possível, independentemente das condições exteriores. Entendamos, pois, 4 níveis de roupa: interior, recolha, intermédio e exterior; cada uma destas capas deve ser o mais leve possível e de secagem rápida quando se molham.

    • Capa 1
      A capa interior que vai junto à pele tem que transportar a nossa transpiração para fora do nosso corpo o mais rápido possível, mantendo entre a pele e esta capa um microclima quente e seco na superfície da pele, o que se consegue com um tecido não absorvente.
    • Capa 2
      A função da segunda capa é recolher a humidade e o suor expulsos para fora da primeira capa. Uma camisa de algodão 100% hidrófilo, tecido absorvente, é perfeita.
    • Capa 3
      A capa intermédia deve ser antes de tudo isolante, com o objetivo de ser muito quente quando a temperatura exterior baixa, e não tão quente quando a temperatura sobe. Parece mentira, mas é verdade, mas as roupas confecionadas com Polartec 200 possuem a capacidade de autorregulação térmica. As roupas de lã pesam 50% mais, cheiram, demoram muito a secar e tiram menos o frio.
    • Capa 4
    • A capa exterior deve ser o mais leve possível (pois a 1ª e a 3ª já proporcionam suficiente calor), protegendo da água e do vento. Isto consegue-se com tecidos de microfibra e microporosos que permitam a passagem da transpiração para fora e que impedem a passagem da água e do vento para dentro (corta-vento impermeável).


     
    Conclusão

    As partes mais sensíveis a perder calor são a cabeça, os pés e as mãos, que devem também estar protegidas com roupas apropriadas. O calçado deve ser especialmente adequado, pois vai estar em contacto com o frio e a humidade. Levar luvas e meias sobressalentes e alguma outra peça de roupa na mochila, metida dentro de um saco de plástico impermeável.


    Nem as meias nem as luvas, nem quaisquer outras peças de vestuário devem ser demasiado apertadas, dificultando a circulação do sangue (veículo de calor), para permitirem a existência de uma camada de ar. Não calçar muitas meias, pois os dedos precisam de se mover dentro das botas, porque ao afetar a circulação sanguínea, podemos ter mais frio com dois pares de meias do que com um. Usar óculos de montanha e cremes protetores de sol com fator elevado para lábios e pele.


    Ao limitar as fugas, cuidado com a gola e com a parte de trás da cintura nos blusões; nunca esquecer de atar bem o cordão interior das "parkas", de forma a criar um colchão de ar contra o tórax.


    Não se deve enfrentar condições invernais sem equipamento adequado, no entanto, numa urgência, podem introduzir-se isolantes artificiais, como por exemplo, bocados de espuma, jornais, ou naturais como por exemplo ramos de pinheiro, musgo, entre as roupas, luvas ou no calçado. Por exemplo, envolvendo os pés com bocados de cobertor como isolante entre estes e o calçado. Um cartão com pequenos buracos, um lenço ou um passa-montanhas levemente translúcido, servirão como proteção da cara.

     

    Se não tiveres um bom calçado, não pares nunca em cima da neve, antes em cima de uma rocha, um bocado de matagal, etc. As palmilhas de cartão ou jornal servirão de isolante, mas só quando estão secos, desta maneira evita-se a perda de calor por condução. Também se aplica ao sentar-se ou deitar-se.

     

    Conserve-se seco, pois a humidade faz perder grande quantidade de calor por convecção. Também se deve proteger do vento pelo mesmo motivo. Não é bom utilizar roupa de algodão, pois não seca e absorve muita água. Deve-se ter muito cuidado com os tecidos impermeáveis, pois não transpiram e empapam por dentro.

    É fundamental uma alimentação hipercalórica, calculando 5000 calorias por dia numa alimentação normal e em rações de sobrevivência cerca de 2000 calorias. O organismo consome grande quantidade de calorias e tem também necessidade de muita água para lutar contra o frio e se manter quente.

    Mantenha-se em movimento, evite transpirar inclusive desapertando a roupa ou tirando alguma (perda de calor por transpiração). Mas cuidado, porque a transpiração nas costas ao apanhar ar frio, pode gelar-nos como se estivéssemos deitados na neve.

    O segredo está por isso resumido num único princípio: nunca ficar demasiado quente; devemos saber destaparmo-nos quando começamos a ficar com demasiado calor e taparmo-nos antes de ficarmos com frio. Por vezes, tirar o gorro ou as luvas no momento certo, consegue manter o corpo à temperatura ideal.

     

     

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